quarta-feira, julho 22, 2009

Um conflito entre o Ser e o Ter ...

Olá boa noite com alegrias pra ti que visitas meu cantinho ... é com grande satisfação que venho compartilhar contigo um texto retirado do livro "O massacre da natureza", de Júlio Jose Chiavenato. Espero que tú aprecie ... Felicidades !!! Pense em uma rosa.....

Esse é o problema. Dois verbos podem traduzir bem a estupidez humana: ter e ser. Só para exemplo, comecemos analisando o desprezo humano pela natureza, através do conceito de beleza.

Não se trata de perguntar o que é belo, mas de saber como desfrutamos daquilo que por uma série de circunstâncias achamos belo. Pensemos em uma rosa. A maioria das pessoas imaginará uma rosa cortada da roseira. Precisamos ter a rosa num vaso, nas mãos, enfim nossa, para admirarmos sua beleza. No mundo ocidental, fruto de uma tradição de alguns milênios, é essencial possuirmos a beleza para cultuá-la. eis uma excelente justificativa para mutilarmos a roseira.

A beleza não é para ser cultivada enquanto tal, mas como possibilidade de a possuirmos, transformando-a em riqueza. Esse processo não nasceu ontem: praticamente surgiu com o mundo, quando o homem, depois de aprender a trabalhar e em seguida a pensar, inaugurou o modo de dominação sobre seu semelhante. O ter, aprimorado com a dominação de classes, justifica várias injustiças umas delas, a de sacrificar a rosa, as quais sequer cogitamos no cotidiano. Por exemplo, para quem é a rosa? certamente para quem pode tê-la. Grosseiramente, só quem pode possuí-la sabe apreciá-la. A rosa não é para o jardineiro que a cultivou. Ele não pode tê-la, porque é uma mercadoria cara. Enquanto integrada à natureza, quem pode tê-la(desfrutá-la), com raríssimas exceções, não a aprecia. A rosa tem espinhos, fere mãos inábeis. É preciso, antes de matá-la pelo corte, retirar seus espinhos, para que ela seja admirada pelas mãos finas, por exemplo, da feliz moça que a recebe do namorado, que a compra na floricultura. A rosa, aí, está morta, é uma imagem criada da beleza, e só então é bela. Quanto vale um girassol? Quem já viu um campo de girassóis tremulando ao vento do pôr-do-sol? Pouquíssimos. e o girassol não vale nada: é flor barata, sem valor comercial. No entanto, meia dúzia de girassóis pode valer até 36 milhões de dólares. esse foi o preço que eles alcançaram em um leilão da casa Christie`s, em Londres. Não se trata de um julgamento qualitativo do famoso quadro de Van gogh, a que me refiro, mas da beleza capturada, possuída, transformada em cifras, para ter valor. O argumento, que os mais apressados podem inadvertidamente julgar uma heresia contra o gênio de Van Gogh, toma força quando se sabe que em vida ele não vendeu um quadro sequer: quando suas telas não tinham valor, os girassóis desse grande amante da natureza não eram belos. Quanto mais caro o que se tem, mais belo. O que não se possui desde que não cobiçado nada vale ou não é entendido como belo. Esse processo explica porque o homem é insensível à destruição da natureza e, mais que isso, à sua degeneração programada.

Fomos educados para ter; só respeitamos o que temos. Não estou sendo original. Apenas radical, no sentido de buscar as raízes das coisas,e para o homem a raiz é o próprio homem", dizia Marx. Sobre isso ele escreve nos seus Manuscritos filosóficos: " A propriedade privada tornou-nos tão néscios e parciais que um objeto só é nosso quando o temos, quando exista para nós como capital ou quando é diretamente comido, bebido, vestido, habitado etc., em síntese, utilizado de alguma forma (...) Assim, todos os sentidos físicos e intelectuais foram substituídos pela simples alienação de todos eles, pelo sentido de ter." Esse processo sedimentou-se durante milênios. O homem, porém, não é um ser passivo. é ele quem faz a história. É, ao mesmo tempo, vítima e agente. Não cabe aqui nos determos nesse problema. Mas, nesse desenvolvimento histórico, no que diz respeito ao meio ambiente do homem, chegamos progressivamente a uma situação trágica: pela primeira vez, na vida da Terra, corremos o risco de não sobreviver. Mais de destruirmos o nosso próprio planeta.

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