quinta-feira, setembro 20, 2007

Um pouco mais sobre ciganos ...


Quando se estuda a origem de um povo, sua formação e desenvolvimento social, religioso, econômico, é necessário levar em conta documentos ou registros escritos.
O povo cigano não possui uma linguagem escrita; o romanê ou rumanez, que é a sua linguagem básica e exclusiva, é essencialmente oral.
É expressamente proibido ensinar o romanê a não-ciganos e livros que contenham vocabulário ou dicionários deste idioma, com certeza, não poderão provar sua autenticidade.
Ela é tradicionalmente transmitida de pai para filho, de uma geração para outra.
Sendo assim, não se tem documentos da história dos ciganos, que também é passada oralmente.
Afirmam os estudiosos que o povo cigano teve sua origem na civilização da Índia antiga, mais ou menos há três mil anos antes de Cristo.
Nessa época, vivia um povo às margens do rio Indus, região noroeste da Índia, onde hoje está o Paquistão.
Era um povo amante da música, das festas, da magia e das cores alegres, e que não estava preparado para a guerra, por isso, quando a região foi dominada por invasores árabes, escravizando o povo, alguns conseguiram fugir para outras terras.
Quando lá chegavam normalmente eram bem recebidos, pois seus chefes apresentavam-se como príncipes, duques, condes e levavam falsas cartas de apresentação da nobreza e do clero europeus.
Diziam-se peregrinos cristãos vindos do Egito e assim, obtinham licença das autoridades locais para se instalarem.
Logo depois, os homens começavam a praticar pequenos furtos e as mulheres, a ler a sorte.
Eram então, considerados malditos e responsáveis por epidemias e incidentes.
Algumas vezes ofereciam-lhes dinheiro para deixar a região outros eram perseguidos e expulsos. Foram desta forma, tornando-se um povo nômade.
Várias lendas foram criadas para justificar tamanha perseguição e, na época das Grandes Descobertas os ciganos encontraram hospitalidade na Espanha e em Portugal, interessados em enviá-los às colônias africanas, asiáticas e americanas.
Outros pontos que parecem justificar sua origem é a pele morena, comum aos hindus e ciganos, o gosto por roupas vistosas e coloridas e alguns princípios religiosos como a crença na reencarnação e na existência de um Deus Pai Absoluto.
Tanto para os ciganos quanto para os hindus a religião é muito forte e norteia muito do seu comportamento, ditando normas e fundamentos importantes, que devem ser respeitados e obedecidos.
Quem infringe alguns princípios comete falta grave, ficando sujeito às penas dos círculos cármicos até por algumas encarnações, além das penalidades impostas pela sociedade.
O gosto pela dança e sua importância ritualística, a forma recatada das mulheres não expondo o corpo, também podem ser consideradas outras semelhanças entre os hindus e os ciganos.
Outro fato que chama a atenção para a provável origem indiana do povo cigano é a santa por quem nutrem sua principal devoção, Santa Sara Kali.
Kali é venerada pelo povo hindu como uma deusa, que consideram como mãe universal.
Sua pele é negra tal como Shiva, uma das pessoas da Trindade divina para os indianos (Bramam, Vishnu e Shiva).
Kali é a forma feminina da palavra kala, que significa tempo.
Para os ciganos, Santa Sara possui a pele negra, daí ser conhecida como Sara Kali, a negra, num paralelismo claro com a deusa hindu.
Santa Sara abençoa o povo zela pela família, os acampamentos, guarda a tenda, os alimentos, aniquilando os poderes negativos e os males que possam afetar as famílias ciganas.
A vida de nomadismo exigiu que, com o passar do tempo, fossem desenvolvendo profissões itinerantes e se tornassem ferreiros, domadores, criadores e vendedores de cavalos, comerciantes de miudezas, artistas de circo e praticantes da arte divinatória, especialmente as mulheres.
A arte de prever o futuro e ler a sorte pertence às mulheres, e a figura feminina tem uma grande importância, já que nenhum cigano deixa de consultar as avós, tias e mães antes de resolver seus problemas ou os do grupo.
As ciganas utilizam diversos oráculos, sendo os espelhos, os dados, a borra de café, a leitura das mãos e das cartas, os mais conhecidos.
As cartas ciganas, hoje são encontradas à venda, industrializadas, mas há algum tempo eram pintadas à mão e passavam de herança de mãe para filha, garantindo um segredo jamais revelado aos não-ciganos.
Marie-Anne Adelaide Lenormand, por volta do ano de 1800, na França, criou o Baralho Petit Lenormand, oráculo poderoso, que também pode ser apontado como origem do Baralho Cigano industrializado nos dias de hoje.
O baralho reflete a direção da vida da pessoa no momento em que ela está consultando as cartas, embora também revele a profunda motivação inconsciente do passado, que contribuiu para a atual situação.
A observação dos símbolos desperta o interesse, a curiosidade, o receio e a esperança: sensações que ativam o inconsciente e permitem assim, que haja retrocesso no tempo e no espaço.
Através dessa viagem, vai sendo trabalhados, gradativamente, o autoconhecimento, a iniciativa e a liberdade individual.
A intenção do Baralho Cigano é justamente a busca do autoconhecimento, e por isso quanto maior for a precisão com que se observa as leis do universo e os próprios pensamentos, maior será a nitidez das verdades mostradas pelas cartas.
Cabe a quem interpreta o Baralho, produzir e conduzir essa troca mágica de energia, favorecendo essa viagem interior.

2 comentários:

  1. Creio que o fascínio que o povo cigano exerce sobre todos nós, não é uma novidade, mas, sabemos tão pouco sobre esse povo que terminamos por crirmos fantasias longe da verdadeira realidade e daí até certos preconceitos ridículos. è muito bom saber que a verdade é mais interessante que a própria fantasia ou lenda. Esse blog tem feito isso com muito charme, viu? Valeu!!!!

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  2. Obrigada Salete por sua visita é um prazer, que bom que tens apreciado ...Obrigada com carinho Cris

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