O DEUS DA POBREZA
Há muitos e muitos anos, em algum lugar do Japão, vivia um casal que tinha muitos filhos.
Apesar de a família trabalhar bastante, vivia na miséria.
Um dia, desgostosos da situação, que nunca melhorava, decidiram deixar de trabalhar.
Quando o inverno chegou, já não havia nem arroz nem verduras para comer.
Todos estavam sentindo muita fome, e os filhos disseram:
– Papai, nós temos muita fome, queremos comer alguma coisa.
– Perdão, eu e a mamãe trabalhamos muito, sempre demos duro, mas não sei por que sempre fomos pobres.
Falei com a mamãe e decidimos deixar tudo por conta do “seja o que deus quiser”.
Se vocês concordarem, saímos desta cidade e vamos tentar a sorte em outro lugar.
– Sim, nós vamos embora. Se continuarmos aqui, vamos morrer de fome – disse o filho mais velho.
Assim, resolveram que se mudariam dentro de três dias e começaram a arrumar as bagagens que levariam.
Nessa noite, o pai viu uma criatura estranha em sua casa e levou um tremendo susto.
– Quem é você? O que faz aqui?
– Ora, sou o Binbogami, o deus da Pobreza, e moro aqui – respondeu o ser, que era meio homem e meio oni (demônio). – Deus da Pobreza?
– Sim. Vivo há muito tempo nesta casa, mas nem sempre sou visível para vocês.
– E o que está fazendo agora?
– Eu vou embora com vocês, por isso estou confeccionando tabizori (calçado para viagem) de palha de arroz para mim. A viagem pode ser longa. – Você também vai embora? – Sim, vamos continuar vivendo em harmonia numa nova casa. Surpreendido com tudo aquilo, à noite, o homem confidenciou tudo para a esposa, contando detalhadamente o ocorrido.
– Então é por isso que sempre fomos pobres! O deus da Pobreza mora em nossa casa.
– O pior – disse o marido – é que ele quer ir com a gente.
– Se ele for conosco, de nada vai adiantar, vamos continuar na miséria.
Nesse caso, é melhor ficarmos aqui.
Ao amanhecer, o deus da Pobreza já estava esperando a família na varanda, pronto para partir com o pessoal.
– Puxa, estão demorando demais. Vou fazer mais calçados de palha, para matar o tempo enquanto espero.
O deus da Pobreza esperou o dia inteiro e nada de a família sair com as malas.
No dia seguinte, aconteceu a mesma coisa, e ele continuou fazendo calçados para passar o tempo.
Assim, esperou durante alguns dias e acabou fazendo muitos calçados.
Ele até gostou de fazer sandálias e fazia-as com prazer.
Ao ver os calçados prontos, alguns vizinhos elogiaram, porque eram bem-feitos e pareciam ótimos para andar na neve. Ao ouvir os elogios, o deus da Pobreza ficou entusiasmado e passou a produzir mais ainda.
O dono da casa, vendo que todos os achavam bem-feitos, resolveu vender os calçados.
Assim, levou-os até o centro do povoado, trocou-os alguns por alimentos e vendeu outros por bom preço.
Porém, lembrou-se que, se o deus da Pobreza continuasse morando com eles, de nada ia adiantar ganhar algum dinheiro, que logo ficaria pobre de novo.
Então, resolveu se livrar de vez de Binbogami. – Com a venda das sandálias, recebi muito dinheiro.
Por isso, vamos fazer bastante comida – disse o homem ao deus da Pobreza.
O jantar dessa noite foi regado a saquê e muitas iguarias.
O homem convidou Binbogami para jantar com a família.
O deus da Pobreza, vendo toda aquela fartura, disse:
– Agora que vocês têm muito dinheiro, eu não posso continuar vivendo nesta casa.
Só vou aceitar um pouco de saquê e esta noite mesmo vou embora. Assim, pouco depois, ele calçou uma bota de palha e foi embora.
O casal ficou muito feliz em se livrar do deus da Pobreza.
Comentário da Cris : Quando a família decidiu mudar sua atitude, mudaram seus pensamentos e suas vibrações, ofereceram fartura ao Deus da Pobreza e conseguiram afastá-lo pois prosperidade atrai prosperidade e não há como ser diferente ... Cada obstáculo vencido é uma vitória que conquistamos e um maior merecimento que temos. É uma lei da natureza que ninguém pode receber senão aquilo que merece. Tenha um dia maravilhoso !!!
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